O processo artístico com cunho cartográfico é sem dúvida um grande desafio, é trazer para a obra as próprias questões e fazer delas gatilho para a criação terceira. Obviamente a obra, mesmo em vídeo, continua móvel pois ao espectador fica as infinitas possibilidades de leitura e sensações.
O que acontece antes do contato entre vídeo e público é o processo artístico que rasga a pele, fazendo-nos acessar nosso dentro, meu dentro, o deles e o entre nós, porém essa temática deixamos para outra publicação. :)
O que acontece antes...
Olho para todos os cantos, todas as pessoas, coisas, sinto o vento, vejo a pessoa do outro lado da rua tirando uma selfie escondida, me vejo de rabo de olho no espelho, me vejo por inteira, tudo parece que está suspenso, quase que em outro tempo de existência. Quando tenho essa sensação sei que estou aberta para as sensações, para a criação através das experiências vividas com meu corpo.
Em algum momento a bolsa de recolhimento de materiais chega em um ponto onde precisa ser esvaziada, para que outras sensações possam atravessar meu corpo. Uma das inúmeras formas de fazer isso é através da escrita. Escrevo um poema, digamos que intuitivo, e deixo ele madurando por um tempo, depois releio, vejo se tenho o desejo de modificar alguma coisa e sigo.
O poema inspiração me ajuda a lembrar o que me moveu inicialmente nesse trabalho, e eu como boa canceriana que sou, adoro/preciso estar sempre conectada com as raízes, para que o trabalho seja verdadeiro.
E o poema pode vir a ser um ponto inicial do roteiro. Pode? Em breve...
Isadora Verly
Isadora Verly
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